Isabel Allende é uma das escritoras latino-americanas mais conceituadas dentro da literatura latina ao lado de Gabriel García Márquez e Mario Vargas Llosa. A Casa dos Espíritos é possivelmente o mais épico dos seus livros. A história do Chile mesclando magia, realidade e tragédia por três gerações de uma família através dos olhos das personagens femininas, algumas, o alter ego da escritora.
A autora não escreveu apenas um bom romance, mas também um manifesto contra o governo repressor de Salvador Allende. Onde através de seus personagens e principalmente na figura de Esteban Trueba (que participou da revolução socialista) denunciou a ditadura sofrida. Três personagens são as narradoras da história, apesar dos fatos girarem em torno de Esteban Trueba, é através de Clara, Blanca e Alba: Mãe, filha e neta que a história da família vai se prendendo a história do próprio país, atônito diante dos horrores da ditadura.
A história começa com o casamento de Esteban com Rosa, irmã de Clara, uma beldade mágica de cabelos verdes, que acaba morrendo no noivado. Anos mais tarde, ele retorna à família para casar-se com Clara, a clarividente. Dotada de imaginação em excesso, ela, como um anjo distraído está sempre entre dois mundos, se comunicando com espíritos, ajudando pessoas carentes e etc… o que se contrapõe a espiritualidade e caráter do marido.
Clara e Esteban tem três filhos. Os gêmeos Jaime e Nicolás e Blanca, a segunda narradora da história. Ela e Pedro Terceiro Garcia cresceram juntos, sempre amigos e se amando, mas devido a condição social dele (neto de um dos trabalhadores da fazenda onde ela morava) Esteban foi contra ao amor dos dois, e quando descobriu que ela estava grávida, cortou três dedos de Pedro e forçou a casar-se com o Conde de Satigny, um francês pervertido que estava mais interessado nas posses do sogro.
A menina Alba, filha de Blanca, nasce na fazenda onde ela mesmo nasceu (depois de fugir do marido). E lá a criança aprende a conviver com as excentricidades da família. A avó paranormal, o avô ranzinza, um tio médico que fazia todo o tipo de experimento contra a dor, o outro que buscava a espiritualidade e as aulas de cerâmica da mãe para crianças deficientes.
Com a morte de Clara, o livro vai se tornando mais denso, assim como a política do país. Alba completou 18 anos e acabou se envolvendo no Movimento Estudantil por causa de Miguel, por quem se apaixonou. Com a vitória do candidato de esquerda nas eleições o caos se instala no país. Jaime foi assassinado em uma onda de mortes e Alba foi presa pelo regime, onde nem seu avô, que se tornou um político influente conseguiu salvá-la.
Alba ficou muito tempo presa sendo torturada e violentada, assim como as outras prisioneiras. Para o desespero de seu avô, que descobre-se fraco e incapaz de salvar a quem tanto ama, acaba se unindo à Miguel e depositando as esperanças em Tránsito Soto uma cafetina influente, que acaba conseguindo por libertá-la.
Ela descobre-se grávida, mas não sabe se o filho que espera é de Miguel ou de tantas invasões, mas acima de tudo, é um filho dela. E acaba por encontrar os diários da avó Clara e decide por terminar a história, tornando-se a terceira narradora da vida de sua família.
Unindo misticismo e realidade, Isabel Allende criou um livro sem precedentes dentro da literatura latina e mundial. Nunca o realismo foi tão mágico como em A Casa dos Espíritos.
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