Arquivo da categoria: Quadrinhos

Toda Rê Bordosa (Angeli)

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Olhando no dicionário, rebordosa significa: barulho, gritaria, confusão. A palavra está ligada a situações desagradáveis e até mesmo doenças. A Rê, do cartunista Angeli, seria uma boa ilustração para o verbete em qualquer dicionário. A Porraloca bebe, fuma e dorme o que quer e com quem estiver a fim. Reacionária em todos os quadrinhos, Rê nem de longe é um modelo de bom comportamento e sabe muito bem disso. Apesar de viver loucamente, tem a consciência (como todas as pessoas que acordam de ressaca no dia seguinte) de que viver de porre em porre e acordar na banheira clamando por uma aspirina não é vida.

Rê faleceu em 1987, assassinada pelo próprio Angeli, mas sua morte ainda gera controvérsia entre os fãs. E é aí que chegamos mesmo depois de 25 anos no Dossiê Rê Bordosa, um curta-metragem de animação em stop-motion com bonecos de massinha que tenta desvendar os reais propósitos da morte de Rê Bordosa. Apesar de morta, ela volta e meia aparece por aí. Recentemente, Angeli a ressuscitou em uma novela que pode ser lida aqui

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Bordados (Marjane Satrapi)

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Bordados, de Marjane Satrapi, esclarece um dos maiores questionamentos dos homens desde que as convenções sociais foram inventadas: O que as mulheres conversam quando reunidas sozinhas? Logo na primeira página, temos uma cena tipicamente familiar a qualquer casa: o almoço em família. Por uma questão de costume, as mulheres cuidam dos afazeres domésticos, enquanto os homens fazem a sesta, e é durante o sandovar (chá), onde estão reunidas a mãe, avó, tias, amigas e vizinhas de Marjane, que a diversão começa.

Como em Persépolis, Bordados é narrado por Marjane, que conta as suas memórias. Enquanto faziam o chá, as tias lavavam a louça para depois se dedicarem todas ao “bordado”, também conhecido como o bom e velho “tricô” no Brasil. Como a sábia avó de Marjane diz: “Falar dos outros pelas costas é ventilar o coração…” Leia o resto deste post

Mangá: o poder dos quadrinhos japoneses (Sônia Bibe Luyten)

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É inegável o poder de comunicação e aceitação que os mangás têm na cultura japonesa e mundial. Acessível a qualquer tipo de público, abrangem diversos tipos de histórias: de romances à livros escolares, é uma forma de mídia complexa e abrangente. O livro Mangá: o poder dos quadrinhos japoneses, de Sônia Bibe Luyten, busca fazer uma análise completa desse fenômeno.

A autora é a maior referência no estudo de mangás no Brasil, iniciando seus estudos na década de 70. É pesquisadora no uso dos quadrinhos em sala de aula, professora titular do Programa de Pós-Graduação da Universidade Presidente Antonio Carlos (UNIPAC), em Juiz de Fora/MG, e Presidente do Troféu HQMIX.

A terceira edição do livro é composta de cinco capítulos e um apêndice que mostra ilustrações desde a década de 70. Logo no início do primeiro capítulo, iniciamos com um paralelo entre a economia japonesa no século XX e o mangá. O Japão é um país com um imenso histórico de pobreza devido à sua localização geográfica. Aproximadamente 70% de seu território é montanhoso, os rios rasos, os invernos severos e diversas vezes ao ano é atingido por catástrofes “naturais” como tufões e maremotos. Além de diversos vulcões ativos e adormecidos. Somando a isso, temos a crise econômica do pós-guerra que assolou o país. Leia o resto deste post

O último cavaleiro andante – Uma adaptação de Dom Quixote de Miguel de Cervantes (Will Eisner)

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Dom Quixote está para a literatura assim como Will Eisner está para os quadrinhos. O que é possível dizer quando o desenhista que batizou o maior prêmio dos quadrinhos resolve desenhar uma das mais importantes obras da literatura mundial? A resposta está em O último cavaleiro andante: Uma adaptação de Dom Quixote de Cervantes, da editora Companhia das Letras.

Não houve outro desenhista como Eisner, de um talento infinito, que marcou o universo das HQ’s com as aventuras do detetive Denny Colt em The Spirit e por seus novos estilos de enquadramentos, luz e sombras. Nos últimos anos da sua carreira, Eisner adaptou também outros títulos, como Moby Dick, o que desperta a curiosidade de uma parcela de leitores não acostumada a esse tipo de leitura.

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Clara dos Anjos (Lima Barreto)

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Clara dos Anjos, assim como outros diversos clássicos da literatura nacional, tem a graça divina de ser atemporal. Ainda hoje vivemos como Capitus, Bentinhos, Aurélias e Fernandos Seixas, buscando o amor e a felicidade. A história de Clara, contada por Lima Barreto, é recontada nesta edição da Companhia das Letras na versão de graphic novel.

Mulata pobre, de origem humilde e com pouca experiência de vida. Em poucas palavras podemos descrever Clara, filha do carteiro João dos Anjos. Atrás da personalidade pacífica da menina há todo o contexto social na qual ela e a família estão inseridas. O subúrbio, a modernização carioca, o preconceito e a diferença de classes, tudo isso englobado no nascimento do Rio de Janeiro no início do século XX.

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Ao coração da tempestade (Will Eisner)

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Ao coração da tempestade é o livro mais importante de um dos escritores mais importantes dos quadrinhos. Eisner é o narrador de sua própria história através dos olhos do ingênuo Willie, que mesmo tendo a temática da Segunda Guerra, nos mostra a sua beleza e poesia, transformando o horror em arte.

A Segunda Guerra, sem sombra de dúvidas, foi uma tempestade funesta, o que faz do livro um retrato fidedigno dos sentimentos da população. A história começa em um trem que leva o protagonista para se juntar ao seu batalhão e cenas da sua vida vão passando através das janelas e das paisagens que vão se modificando.

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Muchacha (Laerte)

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Existem livros que não são tão óbvios quanto os outros. Nos romances, por exemplo, você percebe quem é o vilão e quem não é. Ou em uma história de ficção científica, o clima de tensão te deixa por esperar o pior a cada página. Quando se trata de quadrinhos, podemos facilmente imaginá-los de uma forma linear, com começo, meio e fim, porém, Muchacha do cartunista Laerte lançado pela Editora Companhia das Letras, não é assim.

Considerado pelo próprio autor um graphic-folhetim, o autor de Piratas do Tietê afirma que sua “intenção não é mais fazer piada, e sim evocar sensações, idéias. Acho saudável dar um choque no leitor, estimular certa confusão.” Por isso que Muchacha não é linear logo de início, pois são, na verdade, diversas histórias interligadas.

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Humor do miserê (Nani)

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Sempre que abrimos algum jornal, encontramos provavelmente no caderno de variedades, as tirinhas. A maioria delas com vereda política e social, sempre com humor politicamente incorreto e de forma sutil.

No Brasil, podemos dizer que o precursor do gênero foi O Pasquim, jornal lançado durante o período da ditadura, que foi a voz de uma geração inteligente e que falava sobre drogas, sexo e comportamento. E também, é claro, as tirinhas e charges contra o regime. Comandando por Jaguar, Ziraldo, Henfil, Millôr e diversos outros jornalistas, O Pasquim sobreviveu até meados de 1991 e foi um dos maiores jornais subversivos do país.

O cartunista Nani também foi uma das cabeças pensantes d’O Pasquim, e no seu Humor do Miserê lançado pela Editora L&PM Pocket podemos nos lembrar (e até mesmo lamentar) um pouco mais da história política do Brasil.

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Cowboys & Aliens (Andrew Foley)

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Quando se fala em seres alienígenas, já lembramos logo de cara de uma dúzia de filmes ou histórias dos mais variados tipos. Na grande maioria delas, eles são mais espertos do que nós, mas os humanos acabam vencendo com direito a grandes cenas clichês. Mas quando pensamos em histórias escritas, as coisas podem ser um pouco diferentes, e em Cowboys & Aliens lançada pela Editora Record, esse gênero ganha um sopro de ar fresco com uma história diferente e ousada.

Logo na primeira página, temos trechos da declaração de independência dos Estados Unidos com imagens em contraponto dos pioneiros em alto-mar e dos alienígenas. E a primeira de uma série de questões interessantes é levantada: A comparação entre os alienígenas invasores com os pioneiros (que invadiram e destruíram diversos aspectos da cultura apache). O ano é 1873 e estamos juntos com os colonizadores pioneiros da América do Norte. Em um tempo em que as tribos apaches eram o maior perigo, o velho oeste nunca mais foi o mesmo.

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Jô na Estrada (David Coimbra)

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A Jô veio que ao acaso para mim. Não li a sinopse, deixei me levar apenas pelo título (que prometia algumas aventuras e uma leitura interessante). Cumpriu o que prometeu. As aventuras de Jô são realmente envolventes e interessantes.

Ela, mãe de dois filhos, casada e jornalista free lancer. A típica vida perfeitinha de suburbana. Se não fosse pelo tédio… A monotonia dos dias e noites que a consumia sem parar…

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