Arquivo mensal: maio 2012

Mrs. Dalloway (Virginia Woolf)

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Mrs. Dalloway é certamente um dos livros mais conhecidos de Virginia Woolf, aparecendo em diversas listas de “melhores romances do século XX”. Em 2012 completaram-se 71 anos de sua morte, e com isso as obras da autora também se encontram em domínio público.

Originalmente publicado em 1925, o livro volta às listas de mais vendidos, mais lidos e mais amados através da editora Cosac Naify. Críticos classificam a autora como modernista e precursora do chamado fluxo de consciência (técnica de escrita onde pensamentos e raciocínios são misturados com as impressões e opiniões dos personagens) o que faz da história que se passa em um único dia transformar-se em um livro intrigante.

A história faz uma homenagem ao tempo, onde o leitor conhece Clarissa Dalloway, senhora de meia-idade na Londres de 1923. A história em si é simples, Clarissa está preparando uma recepção em sua casa e o leitor a acompanha nos preparativos. Porém, há muito mais em Clarissa do que se pode perceber à primeira vista. Romance, filosofia e dramas psicológicos transformam-se e se confundem ao longo das páginas.

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O assassinato de Jesse James pelo covarde Robert Ford (Ron Hansen)

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O assassinato de Jesse James pelo covarde Robert Ford de Ron Hansen, lançado pela editora Novo Conceito, é um livro que conta o final da história no título, porém, através de intensa construção de diálogos temos a luta entre o bem e o mal, o que torna a leitura densa e imprevisível. Recentemente o livro escrito em 1983 teve uma elogiada adaptação para os cinemas com Brad Pitt e Casey Affleck nos papéis principais.

Jesse James foi um fora-da-lei que se tornou mito através de seus crimes na segunda metade do século XIX. Temido até mesmo por sua gangue, durante anos enganou xerifes com engenhosas aventuras. Contudo, Jesse era mais do que o vilão número 1 da América, e nessa visão humana que o autor dá à personagem podemos compreender melhor seu caráter.

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Inés da Minha Alma (Isabel Allende)

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Isabel Allende é conhecida por diversos livros que seguem as vertentes do realismo mágico. Em Inés da minha alma, publicado pela Editora Record, ela conta a história do desbravamento do Chile e do início da construção da sociedade e da identidade do povo chileno.

Livros com protagonistas femininas são interessantes, porque é difícil encontrar uma história tão boa quanto a de Inés, onde a personagem não é um clichê e tampouco se transforma em uma ao longo do enredo. A obra tem o seu caráter didático, pois mesmo sendo uma ficção, Inés Suárez foi uma das poucas mulheres que se tem notícia de que exerceram grandes papéis na conquista e povoamento da América do Sul. A própria autora na coletiva de lançamento explica os poucos dados que se tem de Inés: “Apesar disso, disse Allende, “Pedro de Valdívia nunca a menciona em suas cartas. Acaba sendo esquecida pelos historiadores, como muitas outras mulheres, porque a história é escrita pelos vencedores, geralmente homens brancos” ((O Estado de S. Paulo))

Inés era apenas uma jovem costureira na Espanha quando decidiu ir para a América procurar o marido, que aparentemente perdeu-se em aventuras e esqueceu a esposa. Além de encontrar o marido ela tinha o desejo de não ser mais subjugada pela sociedade, porque sozinha não tinha direitos, apenas deveres – mesmo sendo abandonada. Cheia de dívidas, a única justificativa para abandonar essa vida estava na América. Leia o resto deste post

Los Angeles (Marian Keyes)

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Há quem diga que os livros de chick lit não têm valor literário, que suas histórias são fracas e seus personagens são clichês. Discordo. Os chick lit falam em sua maioria dos problemas reais e íntimos da mulher, afinal dos 12 aos 80, todas queremos ser felizes e realizadas. Com humor leve e despretensioso, onde se pode identificar com as situações ou personagens, o(a) leitor(a) pode passar boas horas na companhia de um livro desse “gênero”.

Marian Keyes é um dos grandes nomes desse nicho da literatura nos últimos anos. Já enfrentou problemas com álcool e uma tentativa de suicídio, a maioria dos seus livros é uma mescla entre violência, drogas e depressão com generosas doses de humor.

Los Angeles, publicado em 2007, é o sexto livro de sua autoria a chegar no Brasil. Assim como em Melancia e Férias!, o foco novamente são os dissabores das irmãs Walsh. Nessa história acompanhamos a vida de Maggie, considerada a pessoa mais correta da família e, por consequência, do universo. De todas as irmãs, ela é aquela que se casou com o primeiro namorado, não é viciada em álcool e paga as contas em dia. Aos olhos de qualquer pessoa é uma mulher normal, para as irmãs ela é tão emocionante quanto um iogurte natural à temperatura ambiente. Leia o resto deste post

Clarissa (Érico Veríssimo)

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Clarissa foi o primeiro romance escrito pelo escritor gaúcho Érico Veríssimo – conhecido pela trilogia O Tempo e o Vento – e publicado em 1933. O livro pertence à segunda fase do modernismo – considerada mais madura e crítica do que a fase anterior, nas obras eram abordadas problemas sócio-políticos como desigualdade social.

A história é simples, real e romântica. É o relato da vida da menina Clarissa, que sai da casa dos pais para estudar na cidade grande (Porto Alegre) e como ela percebe o mundo ao seu redor. A partir desse livro, percebem-se traços que acompanham o autor ao longo de sua carreira, como o gosto pelas descrições.

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Ninguém escreve ao coronel (Gabriel García Márquez)

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Ninguém escreve ao coronel foi originalmente publicado como conto em 1961, e posteriormente ganhou edição própria. Um tema recorrente nas obras de Gabriel García Márquez é a miséria de espírito do ser humano e até que ponto ele pode resistir à vida, que na maioria das vezes é dura e cruel, não oferecendo oportunidade para a felicidade. Certamente o Coronel é um dos personagens mais tenazes de toda a obra do autor, na história ele continua aguardando a sonhada aposentadoria mesmo depois de 27 anos do fim da guerra.

Logo no início do livro, sabemos da morte do filho do coronel e é a partir dessa morte que uma reação em cadeia de fatos é iniciada. Os únicos bens que ele possuía garantiram aos pais a sobrevivência por certo período e a esperança de um futuro melhor. Uma máquina de costura velha e um galo de briga, respectivamente.

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Once upon a time

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E se o “felizes para sempre” deixasse de existir? Essa é o principal questionamento da série Once upon a time que estreou no Brasil em abril no canal Sony faz. A série conta a história de diversos personagens dos contos de fadas, como Branca de Neve e seu Príncipe Encantado, Rainha Má, os Sete Anões e até mesmo Pinocchio e o Grilo Falante. Logo de início tem-se a ideia de mais uma série piegas e cafona, porém a produção é assinada pelos roteiristas de LOST, o que nos dá a garantia que mesmo na primeira temporada a série promete.

Os protagonistas são: Branca de Neve e o Príncipe Encantado (James) que estão sofrendo com a iminente ameaça da maldição da Rainha Má que irá acabar com os finais felizes, anunciada no dia do casamento dos dois. Desesperada, Branca de Neve procura os conselhos de Rumpelstiltskin que lhe conta que a maldição não pode ser impedida, porém a salvação virá da criança que ela espera: aos vinte e oito anos, a filha retornará para salvar todos os personagens dos contos de fadas.

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Contos Essenciais: Chuva: a abensonhada (Mia Couto)

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“Estou sentado junto da janela olhando a chuva que cai há três dias. Que saudade me fazia o molhado tintinar do chuvisco. A terra perfumegante semelha a mulher em véspera de carícia. Há quantos anos não chovia assim? De tanto durar, a seca foi emudecendo a nossa miséria. O céu olhava o sucessivo falecimento da terra, e sem espelho, se via morrer. A gente se indaguava: será que ainda podemos recomeçar, será que ainda a alegria tem cabimento?”

Há algum tempo resenhei Estórias abensonhadas, de Mia Couto, e devo confessar que parei nesse conto por um bom tempo. Logo me chamou a atenção palavras como: e perfumegante e indaguava, pois elas dão um sentido sinestésico às frases e dá para imaginar o perfume fumegante da terra já na segunda linha do conto. Leia o resto deste post